Hugo Calgan –
estação da diligência em Curitiba, 1881
Como era Curitiba
no século XIX?
•Dentre
as formas de se ter um panorama do passado estão a leitura de relatos de
visitantes e imagens de pinturas antigas.
•Curitiba
recebeu alguns ilustres visitantes no século XIX que reportaram em livros suas
passagens e guarda também algumas pinturas da paisagem feitas por artistas e
desenhistas da época.
•Hugo Calgan, da tela anterior, foi um pintor que residiu em
Curitiba por pouco tempo na década de 1880 e pouco se sabe sobre ele.
•Seguem
algumas pinturas e trechos de livros retratando Curitiba no século XIX:
1820 - Auguste de Saint-Hilaire
•Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina - Ed. Itatiaia –
1978
•“...a
cidade tem uma forma quase circular e se compõe de duzentas e vinte casas
pequenas e cobertas de telhas, quase todas de um só pavimento, sendo porém, um
grande número delas feitas de pedra...”;
•“...as
igrejas são em número de três, todas feitas de pedra...”;
•“...Curitiba
mostra-se tão deserta, no meio da semana, quanto a maioria das cidades do
interior do Brasil. Ali, como em inúmeros outros lugares, quase todos os seus
habitantes são agricultores que só vêm à cidade nos domingos e dias santos,
trazidos pelo dever de assistir à missa...”;
•“...em
Curitiba e seus arredores é muito pequeno o número de pessoas abastadas...”.
•Saint-Hilaire
era francês, botânico e fez viagem de estudos no Brasil.
1827 - Jean Baptiste Debret
O famoso pintor francês teria visitado o sul do Brasil? Não há
documentos que comprovem a suposta viagem, entretanto foi feita uma pintura da
cidade de Curitiba que é a primeira imagem conhecida da cidade. Especula-se que
esta e outras pinturas da coleção poderiam ter sido feitas depois, a partir de
esboços de terceiros.
Na imagem aparece em primeiro plano o trabalho de construção da Igreja de São
Francisco de Paula, cujas ruínas ainda sobrevivem. Supõe-se que a esquerda é a
Igreja da Ordem (poderia ser também a igreja do Rosário?), porém está
desalinhada com a Matriz ao centro.
1855 - John Henry Elliot
Elliot era filho de ingleses nascido nos EUA, agrimensor e se fixou no Paraná. Participou da exploração do norte paranaense contratado pelo Barão de Antonina.
Elliot era filho de ingleses nascido nos EUA, agrimensor e se fixou no Paraná. Participou da exploração do norte paranaense contratado pelo Barão de Antonina.
1858 - Robert Avé-Lallemant
•1858, Viagem pelo Paraná - Fundação Cultural de Curitiba – 1995
•“...
me surpreendeu muito agradavelmente a cidade de uns 5000 habitantes.
Naturalmente nela nada se encontra de grande ou grandioso...”;
•“...desde
a chegada do Presidente e do pessoal administrativo, Curitiba tem o seu
Palácio. Naturalmente é um simples rés-do-chão e tem aparência despretensiosa,
modesta, mas é bonito e asseado...”;
•“...para
a força militar foi construído um quartel-general, que é visto de longe e
produz um belo efeito...”;
•“...Curitiba,
a vila enfezada, marcha com energia para um novo desenvolvimento...”.
•Lallemant era
alemão, médico e viajante aventureiro.
1865 - Joseph
Keller
Obs:
1-A Catedral já aparece com torres achatadas; 2-A esquerda, no alto, a capela e
as obras inacabadas da Igreja São Francisco; 3-Em 38 anos, de 1827 (Debret) a
1865 (Keller), nota-se pouca evolução nas edificações da cidade.
Joseph Keller
era alemão, engenheiro e no Paraná trabalhou em levantamentos hidrográficos.
Era pai de Franz e Ferdinand Keller.
1872 - Thomas P. Bigg-Wither
•Novo caminho no Brasil meridional: a Província do Paraná -
J.Olympio/UFPR - 1974
•“...a
cidade de Curitiba podia ter 9500 habitantes, dos quais 1500 eram imigrantes,
especialmente alemães e franceses...”;
•“...todas
as lojas maiores pareciam ser de propriedade de brasileiros ou portugueses,
enquanto a grande maioria das lojas menores estava em mãos de alemães...”;
•“...a
falta de altas agulhas de torres ou de edifícios altos ou mesmo das usuais
chaminés dá a Curitiba, vista de longe, aspecto muito diferente do de uma
cidade inglesa. Quase que se podia classificá-la de aglomerado de tendas e
cabanas...O costume, quase universal, de pintar as casas de branco fortalece
esta semelhança...”
•“...nas
longas elevações ondulantes da planície de em torno, o gado bovino pastava...”
•Bigg-Wither
era engenheiro inglês e veio fazer estudos para a construção de uma via
hidro-ferroviária atravessando o Paraná até o Mato Grosso (Antonina/Miranda).
1872 - William
Lloyd
Vista
do alto São Francisco. A matriz foi construída em 1721 e as torres em 1858.
Esta construção apresentou problemas estruturais em duas ocasiões. Primeiro em
1784 e depois em 1875. Foi substituída nestas ocasiões pelas Igrejas da Ordem e
do Rosário respectivamente.
Lloyd era
engenheiro inglês e esteve dois anos no Paraná para acompanhar os estudos da
hidro-ferrovia Antonina/Miranda, pois era um dos concessionários junto com o
Visconde de Mauá, Antonio Rebouças e outros.
1873 - Thomas P. Bigg-Wither
•“Curitiba
tinha saído inteiramente de minhas lembranças nesse intervalo de 14 meses. À
direita e à esquerda da nova estrada que levava a Palmeira havia longas
carreiras de casas, no mesmo lugar onde antes eu vira campo aberto. À direita,
em construção, vi um gigantesco edifício, mais no moderno estilo de um hotel de
Londres do que dos que vira no Rio e, em todos os lados, havia sinais
inequívocos de progresso.”
Obs:
1-Em 1873 foi concluída a obra da estrada da Graciosa, primeiro importante
vetor de desenvolvimento de Curitiba;
2-O edifício observado por Wither em seu retorno à cidade é a Santa Casa de Misericórdia, em construção na época;
3-Bigg-Wither neste livro relata seus encontros com personagens importantes da história do Paraná, como Antonio Rebouças, Telêmaco Borba e John Henry Elliot, dentre outros. O livro é dedicado ao Visconde de Mauá;
4-A obra acabou não saindo do papel, pois em curto período a maioria dos sócios morreram e Mauá foi levado a falência.
2-O edifício observado por Wither em seu retorno à cidade é a Santa Casa de Misericórdia, em construção na época;
3-Bigg-Wither neste livro relata seus encontros com personagens importantes da história do Paraná, como Antonio Rebouças, Telêmaco Borba e John Henry Elliot, dentre outros. O livro é dedicado ao Visconde de Mauá;
4-A obra acabou não saindo do papel, pois em curto período a maioria dos sócios morreram e Mauá foi levado a falência.
Mapas de Curitiba
•Os
mapas da cidade de 1857 e 1894 a
seguir, mostram, pela área ocupada, o rápido crescimento por que passou a
capital neste intervalo.
•Em
1853, o Paraná se emancipou e se tornou Província. Um dos primeiros atos do
governo foi providenciar os estudos para a construção de uma estrada ligando o
litoral a nova capital, pois só existiam três trilhas não carroçáveis
(Graciosa, Itupava e Arraial).
•Portanto,
1857 ainda espelha as carências da velha comarca.
•Em
1894 o progresso é evidente, fruto das obras de ligação com Paranaguá: estrada
da Graciosa em 1873 e ferrovia em 1885. Em 1887 já operavam também os bondes de
mula na cidade.
•Foi
neste período também que começou a ser publicado o primeiro jornal (Dezenove de
Dezembro, em 1854) e funcionar o telégrafo, o telefone e a energia elétrica.
Era o início da transformação de uma vila praticamente estagnada por 160 anos
na metrópole de hoje.
•
Ícone do progresso é a onipresente Igreja Matriz, hoje Catedral. Ela pode ser
observada em várias fases nas pinturas e desenhos e ao final do século em
fotografias.
Mapa de 1857
Rua das Flores = Rua XV, Rua do Comércio = Mal. Deodoro, Rua da Carioca = Riachuelo, Rua da Assemblea = Dr. Murici
Foto de 1870.
Demolida
entre 1876 e 1880
para dar
lugar a atual.
Mapa de 1894
Inaugurada em 1893