16 de janeiro de 2018

Histórias da história


Um monumento, uma edificação, um logradouro ou mesmo um objeto só adquire interesse, curiosidade ou relevância quando se conhece as histórias associadas, seja de sua origem ou algo ocorrido. É este conhecimento que nos faz respeitar, apreciar ou mesmo dar valor sentimental a eles. 

Numa cidade qualquer encontramos muitos, mas raramente sabemos a história associada a cada um e nem sempre é fácil descobri-las. Este desconhecimento resulta no desinteresse das pessoas por este patrimônio cultural que nos rodeia e consequentemente são solenemente ignorados. Infelizmente isto é regra. Poucos conhecem estas pequenas histórias das cidades onde residem, ou no máximo sabem apenas poucas delas.

Entre as dezenas de relíquias que podemos observar andando por Curitiba, segue uma pequena seleção delas, todas com histórias de mais de 100 anos, que nos  ajudam a conhecer um pouco da história da cidade. Do que nada restou preservado resta-nos ainda, felizmente, recorrer as janelas do passado como relatos, fotografias ou mesmo pinturas antigas.

No dia a dia passamos em frente de muitos destes monumentos e estão lá expostos para serem apreciados e manter viva a memória da cidade, mas muitas vezes nem percebemos a presença deles, e o que é mais triste ainda, constatar serem vítimas diárias de vândalos, desocupados e pichadores.

Nome da cidade


O primeiro planalto era conhecido como campos de Curitiba. Curitiba com i mesmo e não y. A origem da palavra é guarani e significa Pinheiral.
O primeiro povoamento de garimpeiros nas margens do rio Atuba e depois abandonado hoje é referido como Vilinha ou Vila Velha.

Em 1668 foi registrado na ata de levantamento do pelourinho no largo da Matriz (espaço ocupado atualmente pelas Praças Tiradentes e José Borges de Macedo), como “Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais”.

Ao longo do tempo era usual várias composições de palavras para se referir a mesma Vila.

Em 1721 o Ouvidor Pardinho se referiu a Vila com variações: N.S. da Luz, N.S. da Luz dos Pinhais, N.S. da Luz de Curitiba e só Curitiba.

Em seu ato final, Pardinho datou assim: “Curitiba, 20 de Janeiro de 1721”. E assim ficou, ainda que por determinados períodos alterações em sua grafia tenham sido erroneamente adotadas.

Obs: Esta é a versão do Prof. Júlio E. Moreira, no livro “Eleodoro Ébano Pereira e a Fundação de Curitiba” – UFPR – 1972.

Vilinha - 1654


Faiscadores povoaram as margens do rio Atuba para garimpar ouro.

Eleodoro Ébano Pereira, administrador das minas do sul, esteve na região em 1649.

Em 1654 a Vilinha foi criada, supostamente por Ébano Pereira.

O local fica no Bairro Alto onde foi transformado  no Parque Histórico de Curitiba, junto a um centro cultural.

Obs: Este parque foi criado por decreto em 1972 após as conclusões do trabalho realizado pelo Prof. Júlio Moreira de estudos para localização do abandonado sítio.

Não se conhece o motivo e o período da migração da Vilinha das margens do Atuba para o novo local, pois há uma lacuna de registros entre 1654 e 1668. Há só uma lenda que conta que  a imagem de N.S. da Luz amanhecia sempre voltada para aquela região e que então os pioneiros procuraram os indígenas para lhes indicar um lugar apropriado para se estabelecerem e estes teriam então escolhido o novo sítio entre os rios Ivo e Belém.

Pelourinho - 1668



O logradouro no entorno do Paço da Liberdade (antiga sede da Prefeitura de Curitiba) abrange dois nomes de praças. Em frente ao Paço é a Praça Generoso Marques e atrás a Praça José Borges de Macedo.

Durante o período imperial não haviam prefeitos, mas por um curto período este cargo foi criado pela Província de S.P. e José Borges de Macedo o ocupou de 1835 a 1838. Foi então o primeiro prefeito da cidade e o único durante a monarquia.

Na praça José Borges de Macedo há uma placa indicando o local onde teria sido levantado o Pelourinho em 1668. Apesar disto, não houve na ocasião a formalização da criação da vila.

Isto só ocorreu em 29/03/1693 quando então foram eleitos os juízes e vereadores.


Como era o Pelourinho de Curitiba?

O símbolo de justiça das vilas portuguesas no Brasil colônia era o Pelourinho. Em 1646 foi instalado um em Paranaguá e em 1668 outro em Curitiba. Ambos pelo capitão-mor Gabriel de Lara. No século XIX, com as leis para erradicar a escravatura estes monumentos passaram a ser destruídos, pelo significado simbólico que representavam, e portanto, são raros os remanescentes. O de Curitiba não se teve mais notícias, mas o de Paranaguá sobreviveu. Há supostamente uma réplica na praça Leocádio Pereira no centro da cidade, pois o original com as peças remontadas (pedestal e coluna) pelo Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá está exposto no pátio de sua sede. É provável que o de Curitiba fosse igual ou semelhante, pois coube ao mesmo administrador a iniciativa da instalação original. Como pode ser observado em fotos postadas na internet, era um monumento bastante simples, composto de uma base mais larga de sustentação e uma coluna, ambos de pedra, que poderiam conter argolas de ferro fixadas na coluna. Não era um local de punição direcionado apenas aos escravos. Qualquer infrator poderia receber castigos ali. 

Marco Zero



Marca do local central onde no entorno teriam se aglomerado os primeiros moradores do povoado.

Situado em frente da Catedral, na praça Tiradentes, é uma pedra de quatro lados. Orientado no sentido Norte/Sul, possui em cada face uma placa metálica. Norte/São Paulo, Sul/Sta Catharina, Leste/Paranaguá e Oeste/Iguassu.


Em cima da pedra há outra placa indicando as ruas de acesso às regiões: Av. Jayme Reis/Norte do Estado, Av. João Gualberto/Litoral e S.P., Av. Siqueira Campos (nome da Av. Batel na época)/Paraguai e Rua Mal Floriano/S.C.


Monólito




Na praça Tiradentes, próximo ao Marco Zero, há um monumento em homenagem a criação do município e junto um monólito de pedra antigo com uma Cruz de Cristo ou Cruz de Portugal com a inscrição em baixo relevo “REY”.

Há várias versões sobre o significado ou origem desta relíquia, mas aparentemente nenhuma delas possui comprovação. Ruy C. Wachowicz em seu livro “História do Paraná” (UEPG-2010) escreveu que provavelmente seria um marco de fronteira das entradas do século XVIII. O próprio autor não oferece segurança nesta suposição, mas até que surja algo mais convincente, esta parece ser a versão mais plausível.

Placa:
Comemoração do 250o aniversário da fundação da Vila de Curitiba

Este marco assinala o chão em que os pioneiros povoadores dos campos de Curitiba elegeram as primeiras autoridades públicas e fundaram a vila sob a égide do seu patriarca o Capitão-Povoador Matheus Martins Leme

1693-29-3-1943


01/05/2022
Cadê o monólito original?

O antigo monólito que estava exposto na Praça Tiradentes, defronte ao Marco Zero, foi substituído por uma réplica. Ver foto.





Ruínas de São Francisco - 1799



Na praça João Cândido , há uma obra inacabada da Igreja São Francisco de Paula, empreendimento cujo início data de 1799. As ruínas são parte das paredes do que seria a nave principal do templo.

Afastada, mas alinhada às ruínas foi construída e funcionou de 1809 a 1915 uma capela com sacristia. O local é onde hoje se situa o Belvedere. Nesta capela se rezavam missas e serviu até de local de reuniões da câmara municipal por algum tempo. A obra nunca foi concluída por falta de recursos.

Em permuta de terrenos, o município cedeu o da esquina da rua Desembargador Motta com Saldanha Marinho, onde mais tarde foi construída uma nova Igreja de mesmo nome.

Relógio de Sol - 1866



Localizado na praça Tiradentes, no prédio onde funcionou a farmácia Stellfeld, fundada em 1857, ano da chegada do proprietário a Curitiba.

Voltado para o Norte, mostra as horas pela projeção da sombra solar de seu ponteiro fixo, entre sete da manhã e 6 da tarde.

Este prédio, entretanto, foi concluído em 1866  e serviu também de moradia para a família. A farmácia foi vendida na década de 1970.

Chafariz - 1871



Em 1870 o Eng. Antonio Rebouças teve a idéia de canalizar a água do olho que brotava na hoje Praça Rui Barbosa até a Praça Zacarias e ali construir um Chafariz para facilitar o acesso a água potável para a população daquela época. Projetou e construiu então este empreendimento, com tubulação de cobre e três torneiras em coluna sextavada, inaugurado em 1871, conforme mostra a rara foto (*) de um pipeiro abastecendo. Funcionou até por volta de 1910.

A coluna foi feita no Brasil e as torneiras foram importadas da Europa. A parte superior do monumento desapareceu, e hoje há uma pedra cobrindo a coluna, onde as pombas gostam de descansar. A foto atual mostra o monumento que sobrevive na mesma praça, hoje apenas funcionando como um repuxo e compondo a ornamentação da praça Zacarias.

É interessante observar que as colunas das grades da Santa Casa foram inspiradas neste mesmo monumento.

* Fonte: Boletim Casa Romário Martins – Num. 131 – Praças de Curitiba – Fundação Cultural de Curitiba – 2006.

Santa Casa - 1880



Inaugurada em 1880 por D.Pedro II, a obra começou em 1868. Entretanto, a Irmandade da Santa Casa de Curitiba começou a funcionar em 1852, em outro local.

Sua construção se deu graças ao empenho do Dr. Muricy, que faleceu prematuramente um ano antes da inauguração.

Na época, era considerado pelos moradores um local muito distante da cidade e de difícil acesso, pois para se chegar lá era preciso atravessar um banhado (área hoje ocupada pela praça Rui Barbosa). O local era chamado de “Campo do olho d`água dos sapos”.

Solar do Barão - 1880



Residência do Barão do Serro Azul, situada na rua Carlos Cavalcanti.

Durante a revolução federalista o Barão assumiu a ingrata tarefa de representar a cidade durante a invasão, pois os governantes e militares a abandonaram (fugiram). Negociou com os invasores Maragatos (liderados por Gumercindo Saraiva) o compromisso de manutenção da integridade da cidade e dos cidadãos. Após a retomada, foi preso pelas tropas legalistas. Levado de trem em direção a Paranaguá para supostamente ser julgado no Rio de Janeiro, foi sumariamente fuzilado pelas tropas, com mais cinco cidadãos, na Serra do Mar.

Posteriormente o Solar recebeu um anexo para moradia de sua esposa e filhos e o exército o ocupou por bastante tempo. Hoje abriga o museu da fotografia.

Mais recentemente o Barão teve seu nome incluído no livro dos heróis da pátria. Seu busto está em frente a Associação Comercial do PR, fundada por ele, na esquina da Rua XV com Rua Presidente Faria.

Estação Ferroviária - 1885



Antonio Rebouças preparou o primeiro estudo para a construção de uma estrada de ferro ligando Antonina a Curitiba, cuja obra acabou sendo executada entre 1880 e 1885, ligando porem, Paranaguá a Curitiba, e este foi um empreendimento marcante para o Paraná, pois favoreceu a expansão econômica da Província, ou seja, este empreendimento pode ser considerado um marco que propiciou um salto na história econômica do estado, acelerando em muito o seu progresso.

Em 1880, D.Pedro II viajou ao Paraná para inaugurar a pedra fundamental da estrada de ferro em Paranaguá e na ocasião percorreu Antonina, Morretes, Curitiba (onde inaugurou a Santa Casa de Misericórdia) e outras cidades interioranas (Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Lapa). Em 1884, com a obra quase concluída, a Princesa Isabel e família visitaram Curitiba e subiram e desceram a serra de trem. Entretanto a linha ainda não estava totalmente concluída e portanto não utilizaram esta estação.

Localizada na rua Sete de Setembro, hoje abriga um museu ferroviário e se encontra junto a um grande Shopping Center.

Passeio Público - 1886



Primeiro parque da cidade. Foi construído pelo seu primeiro administrador, Francisco Fasce Fontana, empresário da indústria ervateira local. Dentro do parque há um busto em sua homenagem.

Já foi um jardim zoológico e ainda hoje abriga uma grande coleção de animais, principalmente pássaros.

Foi o local onde se fez a primeira demonstração da lâmpada elétrica em Curitiba, também em 1886.

Ocupa uma grande área central.

Teatro Hauer -1891




O edifício foi construído por José Hauer em 1889, mas só começou a funcionar como teatro em 1891. Foi o segundo teatro da cidade, na esquina das ruas Mateus Leme e Treze  de Maio. O primeiro foi o São Theodoro (antepassado do Teatro Guaira), demolido muito tempo atrás.

Abrigou as primeiras demonstrações de imagens em movimento (cinema) da cidade em 1897, trazido por uma companhia itinerante.

Seu edifício ainda sobrevive e foi restaurado recentemente.

Catedral - 1893


No local do largo da Matriz, hoje praça Tiradentes, duas outras igrejas foram construídas anteriormente, mas demolidas para construção de templos melhores. A atual foi concluída em 1893.

Então, a igreja sobrevivente mais antiga de Curitiba é a da ordem terceira de São Francisco das Chagas (1737), no largo da Ordem, que hoje abriga também um museu de arte sacra (foto menor).

O nome completo da Catedral Metropolitana de Curitiba é Basílica menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

Há três imagens da Padroeira. A primeira, mais antiga e bastante danificada é de barro, teria vindo da Vilinha e é acervo do Museu Paranaense. A segunda, de terracota, está exposta no Museu de Arte Sacra. A terceira, em madeira, desde 1893 fica no altar da atual Catedral, de onde só sai nas datas de 8 de Setembro, que é feriado municipal em sua homenagem.

Garagem de Bondes




De início (1887), as linhas de bonde de mula saiam da ferroviária na Rua Sete de Setembro (Praça Eufrásio Correia) e se dirigiam pela Rua Barão do Rio Branco ao centro da cidade onde se dividiam em duas, sendo que a primeira continuava pela Rua XV de Novembro e Rua Comendador Araújo na direção do Batel e a segunda passava pela Rua Riachuelo e Avenida João Gualberto até o Engenho Fontana. Os trajetos destas primeiras linhas ligavam a nova Estação Ferroviária aos centros industriais, que na ocasião eram os engenhos de erva-mate e em seu percurso passavam pelas áreas comerciais das Ruas XV e Riachuelo, incluindo o Mercado (Praça Generoso Marques).

Em 1913 os bondes passaram a ser elétricos e funcionaram até 1952.

Restou apenas a instalação da garagem destes bondes, situado na Praça Eufrásio Correia, defronte ao Palácio Rio Branco (câmara de vereadores) e que hoje abriga um estacionamento de carros.

Palacete Leão Júnior - 1902


A segunda metade do século XIX e a primeira do século XX foi a época do ciclo da erva-mate no Paraná, que era exportada para a Argentina e Uruguai. Os Engenhos de Mate se concentravam no bairro Batel e nas cercanias do Passeio Público, como o Engenho Tibagi (de propriedade de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul) que ficava no Batel e o Engenho Fontana (de propriedade do Comendador Francisco Fasce Fontana, imigrante Italiano) que ficava próximo ao Passeio Público. Depois da morte do Barão do Serro Azul, seus engenhos foram adquiridos pelo Fontana. O Engenho Fontana é a origem da empresa do Chá Mate Real, ainda hoje comercializado.

O Palacete Leão Júnior é uma construção remanescente da época dos ricos empresários da erva mate de Curitiba. Está localizado na avenida João Gualberto. A marca Chá Mate Leão ainda sobrevive, mesmo após ser adquirida por uma grande multinacional.

Cisterna do São Francisco - 1908


O alto do São Francisco abriga um reservatório de água subterrâneo com capacidade de armazenar 6 milhões de litros. 

Foi construído no início do século XX e funciona desde 1908 até hoje, atendendo muitos bairros da região central.

Já no início de operação seu abastecimento era feito a partir de adutora desde os mananciais de Piraquara (38 km).

É uma construção tão incomum que foi tombada pelo patrimônio histórico do Paraná.

Monumento ao Barão do Rio Branco - 1914


Erigido em homenagem ao Barão pelo seu brilhante trabalho de defesa da fronteira do Paraná com a Argentina.

Detalhe: há fixada na parede de pedra do monumento uma placa com o desenho do mapa do Brasil com a divisão territorial entre os estados da união. Como este monumento é anterior a guerra do contestado, o mapa do Paraná é o da época, ou seja, avança em território hoje de Santa Catarina e com fronteira no Rio Grande do Sul.

A rua onde se localiza também foi rebatizada para Barão do Rio Branco (era antes rua da Liberdade).

Na outra ponta da rua o edifício onde hoje funciona a câmara de vereadores foi batizado de Palácio Rio Branco.


Palácio da Luz - 1914




Edifício Central da UFPR: Outrora apelidado “Palácio da Luz”, está situado na Praça Santos Andrade. Funciona desde 1914, porem passou por ampliações e remodelações desde então. O nome original, “Universidade do Paraná”, foi mantido em sua fachada.

Foi em 19/12/1912 a fundação da Universidade do Paraná, por iniciativa de notáveis figuras residentes em Curitiba, liderados por Nilo Cairo da Silva e Victor Ferreira do Amaral. Seu primeiro ano letivo foi em 1913, com vários cursos. Funcionou como entidade privada até ser federalizada a partir do ano letivo de 1951 e passar a ser denominada de Universidade Federal do Paraná (UFPR), com gratuidade de ensino.

É considerada a mais antiga instituição brasileira concebida como universidade ainda em atividade, tendo funcionado ininterruptamente durante todo o seu tempo de vida de forma unificada, apesar de ter que se adequar às exigências legislativas em vigor em épocas que a lei restringia a constituição de universidades no país.

Belvedere - 1915




Construído em 1915 no Alto São Francisco para servir de mirante, pois se situa no ponto mais alto da região central. Já era prática usar o local para se observar os arredores da cidade, como por exemplo, durante a revolução federalista.

Serviu posteriormente como sede da Rádio Clube Paranaense (*) e depois como observatório astronômico e meteorológico.

* Primeira rádio paranaense e terceira mais antiga do Brasil. Funcionou de 1924 a 2017.

Paço da Liberdade (1916) e Palácio da Liberdade




Situado entre duas Praças (Generoso Marques e José Borges de Macedo), foi construído durante o governo do prefeito Cândido de Abreu (*) no início do século XX, para abrigar a Prefeitura.
Recebeu o primeiro elevador da cidade.

Depois que a prefeitura se mudou dali, abrigou por algum tempo o Museu Paranaense. Hoje é um espaço cultural.

Era conhecido anteriormente como Paço Municipal. 


Outro edifício histórico que se situa na mesma rua tem o mesmo nome, Palácio da Liberdade, que foi sede do governo estadual e hoje abriga o museu da imagem e do som.

* Cândido Ferreira de Abreu foi o segundo prefeito da cidade e o primeiro da era republicana. Seu primeiro mandato foi entre 1892 e 1894 e depois novamente entre 1913 a 1916.

Curitiba no século XIX



Hugo Calgan – estação da diligência em Curitiba, 1881

Como era Curitiba no século XIX?
•Dentre as formas de se ter um panorama do passado estão a leitura de relatos de visitantes e imagens de pinturas antigas.
•Curitiba recebeu alguns ilustres visitantes no século XIX que reportaram em livros suas passagens e guarda também algumas pinturas da paisagem feitas por artistas e desenhistas da época.
•Hugo Calgan, da tela anterior, foi um pintor que residiu em Curitiba por pouco tempo na década de 1880 e pouco se sabe sobre ele.
•Seguem algumas pinturas e trechos de livros retratando  Curitiba no século XIX:

1820 - Auguste de Saint-Hilaire
•Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina - Ed. Itatiaia – 1978
•“...a cidade tem uma forma quase circular e se compõe de duzentas e vinte casas pequenas e cobertas de telhas, quase todas de um só pavimento, sendo porém, um grande número delas feitas de pedra...”;
•“...as igrejas são em número de três, todas feitas de pedra...”;
•“...Curitiba mostra-se tão deserta, no meio da semana, quanto a maioria das cidades do interior do Brasil. Ali, como em inúmeros outros lugares, quase todos os seus habitantes são agricultores que só vêm à cidade nos domingos e dias santos, trazidos pelo dever de assistir à missa...”;
•“...em Curitiba e seus arredores é muito pequeno o número de pessoas abastadas...”.
Saint-Hilaire era francês, botânico e fez viagem de estudos no Brasil.

1827 - Jean Baptiste Debret
O famoso pintor francês teria visitado o sul do Brasil? Não há documentos que comprovem a suposta viagem, entretanto foi feita uma pintura da cidade de Curitiba que é a primeira imagem conhecida da cidade. Especula-se que esta e outras pinturas da coleção poderiam ter sido feitas depois, a partir de esboços de terceiros. Na imagem aparece em primeiro plano o trabalho de construção da Igreja de São Francisco de Paula, cujas ruínas ainda sobrevivem. Supõe-se que a esquerda é a Igreja da Ordem (poderia ser também a igreja do Rosário?), porém está desalinhada com a Matriz ao centro. 




1855 - John Henry Elliot
 Elliot era filho de ingleses nascido nos EUA, agrimensor e se fixou no Paraná. Participou da exploração do norte paranaense contratado pelo Barão de Antonina.

1858 - Robert Avé-Lallemant
•1858, Viagem pelo Paraná - Fundação Cultural de Curitiba – 1995
•“... me surpreendeu muito agradavelmente a cidade de uns 5000 habitantes. Naturalmente nela nada se encontra de grande ou grandioso...”;
•“...desde a chegada do Presidente e do pessoal administrativo, Curitiba tem o seu Palácio. Naturalmente é um simples rés-do-chão e tem aparência despretensiosa, modesta, mas é bonito e asseado...”;
•“...para a força militar foi construído um quartel-general, que é visto de longe e produz um belo efeito...”;
•“...Curitiba, a vila enfezada, marcha com energia para um novo desenvolvimento...”.
•Lallemant era alemão, médico e viajante aventureiro.

1865 - Joseph Keller
Obs: 1-A Catedral já aparece com torres achatadas; 2-A esquerda, no alto, a capela e as obras inacabadas da Igreja São Francisco; 3-Em 38 anos, de 1827 (Debret) a 1865 (Keller), nota-se pouca evolução nas edificações da cidade.
Joseph Keller era alemão, engenheiro e no Paraná trabalhou em levantamentos hidrográficos. Era pai de Franz e Ferdinand Keller.

1872 - Thomas P. Bigg-Wither
•Novo caminho no Brasil meridional: a Província do Paraná - J.Olympio/UFPR - 1974
•“...a cidade de Curitiba podia ter 9500 habitantes, dos quais 1500 eram imigrantes, especialmente alemães e franceses...”;
•“...todas as lojas maiores pareciam ser de propriedade de brasileiros ou portugueses, enquanto a grande maioria das lojas menores estava em mãos de alemães...”;
•“...a falta de altas agulhas de torres ou de edifícios altos ou mesmo das usuais chaminés dá a Curitiba, vista de longe, aspecto muito diferente do de uma cidade inglesa. Quase que se podia classificá-la de aglomerado de tendas e cabanas...O costume, quase universal, de pintar as casas de branco fortalece esta semelhança...”
•“...nas longas elevações ondulantes da planície de em torno, o gado bovino pastava...”
•Bigg-Wither era engenheiro inglês e veio fazer estudos para a construção de uma via hidro-ferroviária atravessando o Paraná até o Mato Grosso (Antonina/Miranda).

1872 - William Lloyd













Vista do alto São Francisco. A matriz foi construída em 1721 e as torres em 1858. Esta construção apresentou problemas estruturais em duas ocasiões. Primeiro em 1784 e depois em 1875. Foi substituída nestas ocasiões pelas Igrejas da Ordem e do Rosário respectivamente.
Lloyd era engenheiro inglês e esteve dois anos no Paraná para acompanhar os estudos da hidro-ferrovia Antonina/Miranda, pois era um dos concessionários junto com o Visconde de Mauá, Antonio Rebouças e outros.

1873 - Thomas P. Bigg-Wither
•“Curitiba tinha saído inteiramente de minhas lembranças nesse intervalo de 14 meses. À direita e à esquerda da nova estrada que levava a Palmeira havia longas carreiras de casas, no mesmo lugar onde antes eu vira campo aberto. À direita, em construção, vi um gigantesco edifício, mais no moderno estilo de um hotel de Londres do que dos que vira no Rio e, em todos os lados, havia sinais inequívocos de progresso.”

Obs: 1-Em 1873 foi concluída a obra da estrada da Graciosa, primeiro importante vetor de desenvolvimento de Curitiba; 
2-O edifício observado por Wither em seu retorno à cidade é a Santa Casa de Misericórdia, em construção na época; 
3-Bigg-Wither neste livro relata seus encontros com personagens importantes da história do Paraná, como Antonio Rebouças, Telêmaco Borba e John Henry Elliot, dentre outros. O livro é dedicado ao Visconde de Mauá; 
4-A obra acabou não saindo do papel, pois em curto período a maioria dos sócios morreram e Mauá foi levado a falência.

Mapas de Curitiba
•Os mapas da cidade de 1857 e 1894  a seguir, mostram, pela área ocupada, o rápido crescimento por que passou a capital neste intervalo.
•Em 1853, o Paraná se emancipou e se tornou Província. Um dos primeiros atos do governo foi providenciar os estudos para a construção de uma estrada ligando o litoral a nova capital, pois só existiam três trilhas não carroçáveis (Graciosa, Itupava e Arraial).
•Portanto, 1857 ainda espelha as carências da velha comarca.
•Em 1894 o progresso é evidente, fruto das obras de ligação com Paranaguá: estrada da Graciosa em 1873 e ferrovia em 1885. Em 1887 já operavam também os bondes de mula na cidade.
•Foi neste período também que começou a ser publicado o primeiro jornal (Dezenove de Dezembro, em 1854) e funcionar o telégrafo, o telefone e a energia elétrica. Era o início da transformação de uma vila praticamente estagnada por 160 anos na metrópole de hoje.
• Ícone do progresso é a onipresente Igreja Matriz, hoje Catedral. Ela pode ser observada em várias fases nas pinturas e desenhos e ao final do século em fotografias.

Mapa de 1857


Rua das Flores = Rua XV, Rua do Comércio = Mal. Deodoro, Rua da Carioca = Riachuelo, Rua da Assemblea = Dr. Murici






Foto de 1870.


Demolida
entre 1876 e 1880
para dar
lugar a atual.






Mapa de 1894



































Catedral em construção















Foto de 1892






Inaugurada em 1893